sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Deixa chover, deixa a chuva molhar

Chuva lá fora
com barulhinho que foi aumentando.
Ai, que sensação boa
estar em casa com a chuva caindo lá fora.

Adoro barulho de chuva.
O cheiro da chuva.
Sim, chuva tem cheiro.
Antes e depois de chegar.
Mas não tem cheiro durante


Amenizou o calor escaldante.
O sol intenso
no céu azul de todos os dias
estava zombando
da minha falta de energia.

Chega de sol. Deixa chover.
Deixa que a chuva molhe
um pouco os canteiros.
Lave as calçadas,
não desabrigue ninguém,
mas faça um pouquinho de umidade que eu já estou em casa.
Obrigada por ter esperado.
Eu vou dançar para a chuva.

Chove chuuuvaaa!
Chove sem parar...
Pois eu vou fazer uma prece
pra Deus, nosso Senhor
Pra chuva paraaar
de molhar o meu divino amor...

Que é muito lindo
É mais que o infinito
É puro e belo
Inocente como a flor...

Por favor, chuva ruim
Não molhe mais
o meu amor assim.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

O design no jeito de viver

Preciso reconhecer que nesses tempos de insatisfações multiplas, o projeto residencial batizado de "Jade Jagger for YOO", representa um dos meus sonhos de consumo.

A casa foi toda idealizada de um jeito que eu admiro muito.

Aliás, o post foi para diser que admiro o jeito de viver da Jade Jagger. É quase uma invejazinha mesmo, esse sentimento estupidozinho.

A marca YOO, de John Hitchcox e Philippe Starck representa empreendimentos imobiliários visionários mundo a fora. A YOO redefiniu projetos residenciais e o marketing imobiliário lá no início dos anos 2000, injetando inteligência, consumo consciente e personalidade em todo projeto que assina desde então.

Philippe Starck dispensa apresentações, mas mesmo assim, vá lá, o cara combina
excêntricidade com espírito igualitário. Com Starck, todo projeto, seja grande ou pequeno, vira um evento especial, ele é quase um "pop star". Imprevisível, mas ao mesmo tempo instantaneamente reconhecível, seu trabalho vai da concepção de motos e hotéis a espremedores de limão. Design puro na veia.

Sobre John Hitchcox, pesquisei e sabe-se que como co-fundador do The Manhattan Loft Corporation, ele teve participação no movimento do estilo de vida residencial em "lofts" - bem típico de Nova York, e que influenciou profundamente o mercado residencial do Reino Unido com projetos pioneiros no Soho, Notting Hill, Canary Wharf e Bankside (todos bairros de Londres).


Em 2004, eles se aliaram a Jade Jagger para criar o projeto "Jade Jagger for YOO" onde ela seria a diretora de criação, assumindo o papel de designer conceitual dos projetos residenciais.

Mas, o que encanta mesmo nos projetos de arquitetura da Yoo, é o conceito “pod living” criado por Jade, para um público single de alto poder aquisitivo.


O conceito é o de apartamentos de mais ou menos 80 m2, sem paredes e com um “cubo modular” no centro, interligando todos os ambientes, Cozinha, banheiro e armários ficam ali embutidos.

Esse é o conceito de pod house desenvolvido por ela.


O que Jade Jagger não sabe é que eu consigo criativade ainda maior num espaço bem menorzinho e para muito mais gente...

Todas as fotos até agora são do projeto residencial de um suburbio londrino que eu amei mas esqueci o nome. A casa é toda inteligentemente pensada.

Como designer, Jade ocupa, desde 2000, o cargo de diretora de criação da Garrard, criando jóias extasiantes para o joalheiro real da Inglaterra.

O posto de criação que ela desempenha na Garrard (descrito pela Vogue como o cargo que as pessoas "matariam para ter") é visto como o sopro por trás da remodelação radical da marca.

Conhecida por seu desencanado estilo de vida Londres/Ibiza e por seu trabalho de design, Jade combina luxo com valores hippies mais simples. Reforçando a filosofia de que mais é menos.

Acho ela o máximo.
E temos a mesma idade.
Sim, ela é filha do Mick Jagger com Bianca Jagger. Tem duas filhas adolescentes.
E muita personalidade.
Sobre sua vida pessoal,
apesar de estar há anos com o DJ Dan Williams,
declara por aí, quando perguntada,
que não acredita em monogamia.
E fala isso não para chocar, mas como quem está convicta e em paz com o que pensa e sente.
E o seu jeito de viver.


"“Eu me pergunto porque a sociedade moderna fez da monogamia a única opção. E por que na Inglaterra todos querem saber se você está com o fulano ou o beltrano? Por que eu não poderia estar com os dois?”"
Jade Jagger

Loucos e Santos

"Loucos e Santos" é o título de um pensamento poético de Oscar Wilde. O texto merece imagens compatíveis com sua força e parecença com o que eu também penso. Foi para amenizar o post anterior. Continuo sem nenhuma vontade de sair para lugar algum.

"Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer


mas pela pupila.


Tem que ter um brilho questionador e uma tonalidade inquietante.


A mim não interessam os bons de espírito,


nem os maus de hábitos.


Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.


Deles não quero resposta, quero meu avesso.


Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.


Para isso, só sendo louco.


Quero os santos, para que não duvidem das diferenças


e peçam perdão pelas injustiças.


Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.


Não quero só o ombro e o colo,


quero também sua maior alegria.


Amigo que não ri junto,


não sabe sofrer junto.


Meus amigos são todos assim: metade bobeira,


metade seriedade.


Não quero risos previsíveis,


nem choros piedosos.


Quero amigos sérios,


daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem,


mas lutam para que a fantasia não desapareça.


Não quero amigos adultos nem chatos.


Quero-os metade infância


e outra metade velhice.


Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto;


e velhos, para que nunca tenham pressa.


Tenho amigos para saber quem eu sou.


Pois vendo-os loucos e santos,


bobos e sérios,


crianças e velhos,



Nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril".

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Uma incerteza que provoca muita dor

"Desilusão é quando anoitece em você contra a vontade do dia"
Adriana Falcão

Desconfiar é ter falta de confiança, é duvidar, hesitar, suspeitar. Está lá no dicionário.

Há dúvidas dolorosas demais. Corroem as nossas certezas e fazem com que nos odiemos por isso. E então sofremos. Amizade não deveria nunca nos trazer insegurança... Essa é uma das certezas que quando questionadas invalidam o sentido do que é amizade.

Uma amizade questionada é muito triste. Colocar lembranças na balança e medir há quanto tempo alguém te traz mais angústia do que conforto provoca muita dor. É certo que amigos são aqueles que sabem tudo a respeito um do outro, e mesmo assim, e apesar de tudo, ainda se gostam a despeito das diferenças. Mas não pode haver inseguranças.



"O que a gente não pode mesmo, nunca, de jeito nenhum:
é amar mais ou menos,
sonhar mais ou menos,
ser amigo mais ou menos,
namorar mais ou menos,
e acreditar mais ou menos.
Senão a gente corre o risco de se tornar uma pessoa mais ou menos".
Chico Xavier.




E na total falta do que dizer melhor do que aqueles que tudo já disseram, faço das palavras do bardo as minhas palavras, com uma certa tristeza pelas ilusões perdidas, eram ilusões boas.

"Não posso escolher como me sinto,
mas posso escolher o que fazer a respeito".
William Shakespeare


I feel blue.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Essa tal de liberdade é azul?

Eu gosto da sensação de liberdade. Admiro quem de fato a tem. Adoro ficar sozinha, embora eu seja um ser totalmente gregário e, que por isso mesmo, valoriza tanto ficar só.

Nesses momentos, que se resumem a acordar mais cedo do que os outros habitantes queridos que dividem o mesmo espaço que eu para usufruí-lo sozinha , eu diria que uma das minhas reflexões mais contantes é a de tentar definir o que é a tal liberdade que está me faltando.

Aí dei de cara com esse texto aqui, que nada mais é do que uma interpretação livre dos "Diálogos de Platão" e das "Memoráveis de Xenofonte", sugerindo os modos e os meios de como viver melhor consigo mesmo e suas circunstâncias. Eu me concentrei mais na questão da liberdade.

"Um exame apressado sobre o significado da liberdade pode concluir que é livre quem se declara liberto de regras, obrigações, convenções, só fazendo o que deseja e lhe dá prazer.

Mas essa definição de liberdade é superficial, não passando de um artifício usado pelas pessoas que jamais se debruçaram sobre si mesmas e se perguntaram até que ponto eleger fatores externos para afirmarem-se como seres livres os aprisiona nessa dependência, em vez de libertá-las de tudo o que afirmam desobedecer.


Manifestações de rebeldia podem exteriorizar a luta pela liberdade, mas são um fim em si mesmas porque possuem um objetivo transitório que, uma vez alcançado, perde o sentido. Na busca da liberdade, o homem só abandona a ilusão de havê-la encontrado quando se convence que sem conquistar-se a si mesmo não a alcançará.

As pessoas que se imaginam livres,
por não serem escravas de nada e de ninguém,
devem examinar essa convicção com muito cuidado,
pois ela as impede de se deter sobre o verdadeira análise da liberdade.

A liberdade só é autêntica
quando não depende de nada exterior,
mas do conhecimento que precisa existir
das suas limitações e da sua autonomia
em relação a qualquer influência que possa desviá-la
do aperfeiçoamento interior.



Aquele que se conhece verdadeiramente está livre do desejo de possuir bens materiais além dos estritamente necessários para viver.

Mas aquele que não tem força suficiente para resistir ao desejo de consumi-los está no caminho oposto ao do equilibrio: quanto mais tiver, mais sentirá vontade de ter, numa ânsia ilimitada de satisfazer-se sem conseguir, pois sempre haverá algo novo, seja-lhe ou não necessário.



Uma pessoa assim está em eterna competitividade com quem ostenta mais, como se a posse desmedida de bens fosse a demonstração de superioridade perante elas.

Mas essa superioridade é ilusória,
constatada por quem, algum dia
conhecerá a inutilidade da sua ganância.


Contentar-se com o que possui está entre os mandamentos do viver bem e, diante das múltiplas ofertas ao seu dispor, satisfazer-se por não precisar de nenhuma delas:

As coisas indispensáveis são sempre muito poucas.


A vontade pode ser forte, mas quem resiste a ela, deve orgulhar-se de ter derrotado o impulso — o mesmo que leva a paixões enlouquecedoras— e alcançar a vitória sobre si mesmo.

A atração por coisas inúteis faz parte daquilo que a natureza humana tem de misterioso, pois enquanto a razão mostra que elas são desnecessárias, um impulso nascido em tempos imemoriais impele a possuí-las cada vez mais, — num processo difícil de ser interrompido".

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

The Thomas Crown Affair

-Quero que me fale sobre as mulheres...
Silêncio.
Distração.

- Mr. Crown?
- Desculpe...
- Mulheres... ainda não falamos das mulheres...
- Sinto prazer em estar com as mulheres.
- Sentir prazer não é amar.
- Amar nem sempre traz prazer.
- Como você saberia?
Pausa.

- Nunca lhe ocorreu que o seu problema é confiar?
- Confio em mim implicitamente. (Um sorririsinho sarcástico).
- Sim, mas e as pessoas? Elas podem confiar em você?
- A sociedade em geral? (Questiona Thomas Crown).
- As mulheres, Mr. Crown... (A terapeuta fala bem devagar)
Pausa.

- Sim, uma mulher poderia confiar em mim.
- Ótimo! E quais seriam as suas condições extraordinárias para isso?
- Uma mulher pode confiar em mim desde que seus interesses não sejam tão contrários aos meus.
- E quanto à sociedade? E se os interesses dela forem contrários aos seus?

Silêncio. Um sorriso e um olhar.

Terapeuta e paciente num diálogo interessante, com linguagem corporal reveladora. É assim que começa o filme "The Thomas Crown Affair", um dos meus top ten. O filme é um remake do original de 1968 com Faye Dunaway e Steve McQueen.


Thomas Crown é um bilionário bon vivant, considerado um gênio do mercado financeiro, acostumado a ter tudo o que quer e que gosta de correr riscos quando se sente entediado. O próprio King of Cool.


Por um pouco de adrenalina, ele resolve roubar um Monet, avaliado em 100 milhões de dólares, do Metropolitan, de NY.

O plano tem umas sutilezas engraçadinhas: faz uma referencia historica bem humorada com a invasão do museu num Cavalo de Tróia.





Tudo no filme é um jogo.
O personagem gosta de jogar.







O Monet em questão é este aí, com o título de "Veneza"


Aí o filme ganha um contorno instigante porque mexe com conquista, desafio e romance. A polícia de NY e a perita da seguradora da obra roubada investigam o caso, só que a perita em questão, interpretada pela Renee Russo, é muito mais esperta do que a polícia e passa a desafiar a inteligência do mentor do crime. Um combustível e tanto para a libido de quem não costuma encontrar desafios à altura.

Thomas Crown é cínico, envolvente e interessante como Pierce Brosnan sabe fazer muito bem.

Miss Catherine Banning é inteligente, espontânea e ousada.

Eles passam a ter um relacionamento nada sem graça, com possibilidades variadas, proporcionadas pelo mundo de Crown. Um afrodisáiaco facilitador e tanto.

A curiosidade de um pelo outro, motivada pelo jogo da perseguição instalado, faz rolar uma química legal entre os dois.









Gosto quando rola um clima entre eles, porque há sensualidade sem o comprometimento da naturalidade. Um faz o outro rir e por isso mesmo a química entre eles parece ser mais legal. Algo que eu acredito ser verdadeiro.




Miss Banning tem uma personalidade muito interessante, é intensa e tem senso de humor, não faz só caras e bocas. Acho a personagem o máximo.




Para provar que pode o que quer e quer ficar com a moça, Crown devolve a tela ao mesmo lugar e rouba outro Monet, através de um plano cuja ironia consiste no uso de um disfarce idêntico ao da tela "O Filho do Homem", de Rene Magritte, reconhecido por ele mesmo como sendo o seu alter ego.

A trilha sonora é das melhores. Adoro Nina Simone cantando "Sinnerman". Tenho revisto filmes antigos. Uma coisa de fases. Falta de vontade de sair. Deve ser a nostalgia.