domingo, 26 de abril de 2009

YSL

Acabei de ler no O Globo que um designer eslovaco chamado Karl Pischer é o cenógrafo da mostra "Saint-Laurent - Viagens extraordinárias", no CCBB, em maio próximo. A conferir, for sure!

O cara vai pintar cada parede de uma cor durante a mostra e deixará as roupas expostas no centro das salas. "É para todas as pessoas se verem de todos os lados e caso pensem em mudar, que digam - eu posso mudar". Diz ele.






Desenhos, esboços, fotos de desfiles, fotos pessoais, vídeos, objetos trazidos de vários cantos do mundo, entrevistas, músicas completam a cenografia que desenha a paisagem mais íntima de Yves Saint Laurent.

Serão 50 figurinos completos de coleções inspiradas no globo, em manequins azuis projetados pelo mestre, 20 croquis originais, 20 fotos e dois documentários em exibição - um, assinado por David Teboul, e outro sobre seu histórico desfile de despedida, em 2002, no centro George Pompidou, com 300 modelos e looks de todos os tempos, fazendo uma retrospectiva de todas as suas criações, ao longo de seus 40 anos de carreira.


O smoking feminino - apresentado pela primeira vez em 1966 com uma blusa transparente e uma calça masculina - é a marca de Yves Saint Laurent. Depois disso, o traje passou a desfilar em todas as coleções do estilista. Entre todas as suas criações "le smoking", como foi chamado, sinalizava uma mudança na forma como as mulheres se vestiriam dali por diante. A liberdade oferecida por Coco Chanel antes, ganhava poder a partir do novo traje proposto por YSL e tudo o que ele representava - uma nova atitude feminina. Foi daí que veio o terninho que povoa o universo feminino dos escritórios e oficios burocráticos. Virou praticamente um uniforme. Ele foi também o primeiro estilista do mundo a usar modelos negras em desfiles de moda.

Nascido na Argelia, St. Laurent era filho do presidente de uma companhia de seguros e seu gosto pela criação em moda foi influenciado por sua mãe. Aos 17 anos, foi trabalhar com o estilista Christian Dior, seu mentor, de quem herdou o controle criativo da casa Dior após a sua morte em 1957. Com apenas 21 anos de idade, ele assumiu o desafio de salvar o negócio da ruína financeira.

YSL representou o glamour de uma época em todas as sua coleções. Em 1962 saiu da Dior e fundou sua própria marca, a YSL, financiado por seu companheiro Pierre Bergé. O casal se separaria afetivamente em 1976 mas continuariam parceiros de negócios por mais de trinta anos. Uma de suas musas inspiradoras foi a atriz Catherine Deneuve.


Uma curiosidade triste: St. Laurent foi convocado para o exército francês, durante a Guerra de Independência da Argélia. Após 20 dias de estresse por ser maltratado e ridicularizado pelos seus colegas soldados, ele foi internado num hospital mental francês, onde foi submetido a tratamento psiquiátrico, que incluia eletrochoques, devido a um esgotamento nervoso.

Nada é mais belo do que um corpo nu. A roupa mais bela que pode vestir uma mulher são os braços do homem que ela ama. Mas, para aquelas que não tiveram a sorte de encontrar esta felicidade, eu estou lá.” (Yves St. Laurent)








Olha o sapatinho da maison YSL para a coleção primavera 2009. Life must goes on. A marca transcendeu o criador.

O Rio de Janeiro Histórico

Esta é a Ilha Fiscal que faz parte da paisagem urbana do Rio. Já foi chamada de Ilha dos Ratos, o que pode ser dubiamente interpretado. O passeio até a Ilha é organizado pela Marinha e sai ali da Praça XV. Vale super à pena. Eu fiz o passeio recentemente e recomendo.


Tem localização privilegiada com vista para a o centro da cidade do Rio e para a entrada da baía de Guanabara.

O Palácio foi erguido no período do 2º Imperio, pelo engenheiro Dell Vecchio, para ser o prédio da Repartição Fiscal da Marinha e controlar a aduana brasileira. Coisa de fiscalização mesmo.

O estilo gótico-provençal foi determinado por D. Pedro II, um monarca cool, que teria afirmado: "A ilha é um delicado estojo, digno de uma brilhante jóia". Dom Pedro II dá um outro post, com certeza.

Foi aí que rolou um festão oferecido pelo Império Brasileiro no dia 9 de novembro de 1989 em uma homenagem à Nação chilena, representada pelo Comandante e pelos oficiais do Couraçado Almirante Cochrane, que visitava o país. Acabou sendo o o último Baile do Império e a maior festa até então realizada no Brasil. Foi logo após a inauguração da Ilha. Seis dias antes da chegada da República, em 15 de novembro. Fiquei me imaginando aí com aqueles vestidos do século XIX, nesse lugar, naquela época... Aaaahhh, eu ia adorar estar aí nessa festinha...

Fiquei apaixonada pela sala lá de cima onde o Chefe da Aduana despachava. O teto é lindo de morrer. Cheio de estrelinhas representando as capitanias de Portugal no Brasil. E o piso, entalhado, artesanal. No prédio da Ilha Fiscal trabalharam escravos comuns para colocar pedra sobre pedra na edificação e escravos exclusivamente artistas para os entalhes arquitetônicos.

Depois do passeio histórico, almoçar ali pelo Centro, num domingo de sol de outono, também é uma ótima experiência. Mas isso também dá um outro post.

sábado, 25 de abril de 2009

La Vie en Rose num pedacinho de Copa

Outro dia fui com umas amigas e um valete corajoso ao Le Bleu Noir, restaurante especializado em crepes, na Xavier da Silveira, em Copacabana. Chegamos cedo e ainda esperamos por quase uma hora nessas cadeirinhas aí da foto. Eu não costumo gostar de esperar. Tenho sempre uma urgência, uma certa impaciência que confesso, são meio chatinhas, meio neuróticas, mas ali, na porta da casa tipicamente bretã, noite agradável de sábado no Rio, fiquei pacientemente esperando nos chamarem. Diria até que foi agradável porque foi o meu debut e de outros ali presentes. Parece que é normal encarar filas por lá, mas depois você entende o porquê. A casa não é nova, não. Já existe há uns 8 anos. Eu é que estava atrasada mesmo.

O restaurante é uma creperia que serve galettes (massa salgada) e crepes (massa doce) feitos exatamente como na Bretanha (região francesa onde surgiu o crepe).

Os crepes de lá são feitos com trigo negro ou sarraceno (sem glúten) - o tal do blé noir - e chegam à mesa fininhos, crocantes e acompanhados de salada verde ao molho de mostarda Dijon, servidos num prato de barro. Uma coisa. E ainda tomei uma autêntica sidra bretã servida numa xícara. A sidra é um tipo de espumante feito com o fruto da macieira. Mas acho que a carta de vinhos podia ser melhor. Pesou na conta sem valer tanto à pena.

E os crepes? Qualquer um com Nutella tera sido bom. Encontrei essa foto na web sobre o crepe de morangos. Não experimentei, não. Mas parece um poema. Agora o crepe de Nutella com avelãs... Humm... E olha que eu nem ligo tanto assim para sobremesas.

Pessoas que compartilham de uma espera em comum estão dividindo uma mesma experiência. É interessante perceber que, às vezes, encontramos pessoas por pura ocasionalidade e elas acabam participando de um momento das nossas trajetórias. Foi assim na espera de uma mesa nessa creperia de Copa. Éramos 5 e de repente nos vimos conversando com duas senhoras, mulheres de mais de 70 anos, que tinham ido a um cineminha e estavam ali para compartilhar um crepe e um vinhozinho, exatamente como nós. Fiquei imaginando que nós, as 4 mulheres ali presentes, bem podiamos ser uma daquelas duas. Que também deviam se enxergar em nós em tempos de mais frescor. Mas nem por isso eram menos mulheres. E estavam ali pelo simples prazer de comer um bom crepe e tomar um vinho tendo a companhia uma da outra. Amigas. Um prazer assim tão simples e tão indescritível. Comer, beber e viver. Em boa companhia, tanto melhor. Sabe aqueles momentos de alegria? De satisfação? Então...

"A alegria é a nossa evasão do tempo". Simone Weil

My Fair Lady





Não dá vontade de ser assim meio Audrey Hepburn? Tão linda, tão elegante. My Fair Lady. Mas eu gosto mesmo é de Bonequinha de Luxo (Breakfast at Tiffany's, 1961) quando ela faz a Holly Golightly. Imperdível, engraçado e super atual.
Audrey nasceu aristocrata, era filha de um banqueiro britânico-irlândes e de uma baronesa neerlandesa. Ela mesma, de origem belgo-inglesa, foi considerada, a príncípio, uma garota "alta, ossuda, de pés excessivamente grandes para se tornar uma estrela". Mas mesmo vivendo numa época em que as baixinhas, de curvas generosas, pés miúdos e olhos claros dominavam, soube usar os seus "defeitos" como dons e conquistar o mundo com sua elegância e seus profundos olhos castanhos, criando um novo padrão de beleza junto com Twiggy, Jean Shrimpton... Era a musa inspiradora do estilista Givenchy. Linda, linda.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

O design e tudo o que é belo



Há um tipo de beleza nas linhas e formas das coisas, dos objetos... Há uma diferença entre um trabalho bem feito, artesanal e um trabalho apenas terminado. Existe uma dedicação que se aplica ao primeiro que não se encontra no segundo. Essa é a diferença entre a criação de uma peça cujas formas podem gerar diferentes interpretações e são chamadas de objeto design - por pura falta de expressão melhor - e a criação de um objeto de consumo das massas, cujo fim acaba em si mesmo.






Por exemplo, as cadeiras do ambiente onde você está agora. Se é que existem cadeiras nele... De que material são feitas? De madeira? Acrílico? Ferro? Palha? São belas? Confortáveis? Não dizem nada? Quantos pés têm? E têm braços? São estofadas? São de época? Giram? São coloridas? Ou sóbrias?






Puxa, quantas perguntas podemos elaborar a partir de uma simples idéia de cadeira cuja finalidade, presumo, seja apenas proporcionar conforto.

Algumas pessoas não conseguem nem se lembrar das cadeiras que utilizam todos os dias, em casa ou no trabalho, por exemplo. Não há nada de errado com elas. São apenas pessoas que não registram na memória os detalhes de determinados objetos, como uma cadeira, porque já têm UM conceito formado de cadeira e observam tais objetos apenas pelo fim que eles encerram: assento e conforto.





Mas há pessoas que se interessam pelo design e os detalhes das coisas, como se houvesse uma harmonia nas formas provocando beleza, criatividade e funcionalidade.

Existem vários designers de renome e trabalhos maravilhosos. Inclusive brasileiros de muito talento.










1. Louis Ghost - de Philipp Starck
2. Cadeira Tulip - de Eero Saarinen
3. Cadeira Swan - de Arne Jacobsen
4. Cadeira Tom Vac - de Ron Arad
5. Ih... Deu branco... Mas é brasileira!

The Doors



Gosto de portas. Portas sempre permitem possibilidades diversas. Portas representam realidades diferentes acontecendo ao mesmo tempo. A do lado de dentro e a do lado de fora. Open your mind... Open the doors...


"Se as portas da percepção fossem abertas, tudo apareceria ao homem como realmente é, infinito". Willian Blake

Tentando explicar porque sentimos admiração por certas coisas e por outras não


"Quando o primeiro contato com algum objeto nos surpreende e o consideramos novo ou muito diferente do que conhecíamos antes ou então do que supúnhamos que ele devia ser, isso faz com que o admiremos e fiquemos espantados com ele.

E como tal coisa pode acontecer antes que saibamos de alguma forma se esse objeto nos é conveniente ou não, a admiração parece-me ser a primeira de todas as paixões. E ela não tem contrário, porque, se o objeto que se apresenta nada tiver em si que nos surpreenda, não somos emocionados por ele e o consideramos sem paixão.”
René Descartes, in “As Paixões da Alma”

Esse Descartes... O cara era matemático e me poupou um trabalhão, explicando assim, tão perfeitamente a geometria das paixões e dessa tal de admiração, que vem antes de tudo. Bonito de doer.

Um Pouco de Egon Schiele

Vou falar de Egon Schiele simplesmente porque estou com vontade. Ele nem é um dos meus pintores preferidos, mas foi um dos expoentes máximos do expressionismo austríaco. Nasceu em Junho de 1890, às margens do Danubio, na estação de comboios de Tulln. Morreu em 1918, com apenas 28 anos. E deixou uma obra importantíssima que define bem, o “mal” de um século violento e trágico.

Na adolescência, Schiele assumiu o desaparecimento do pai de forma traumática, desenvolvendo uma doentia aversão pela mãe, tal qual em Hamlet, culpando-a por não ter chorado convenientemente a morte do marido e queixando-se de falta de afeto. Sua instabilidade emocional potencializou o desenvolvimento das capacidades artísticas que, desde muito cedo, ele manisfestou possuir, embora brigasse e desconfiasse até dos que o incentivavam a seguir a carreira de pintor. Precoce, arrebatado e absolutamente seguro da sua genialidade, Schiele associava os comboios da sua infância à ideia de evasão, de viagem.

Em 1911, ele conheceu Wally Neuzil, uma garota de 17 anos que foi modelo de Klimt e, provavelmente, sua amante também. Egon pintou e desenhou Wally naquelas que são consideradas algumas das suas melhores obras. Viveram juntos durante algum tempo, mudando-se para Neulengbach, em parte para escapar ao ambiente organizado de Viena e também para satisfazer ao desejo de evasão de Schiele, que tinha mania da perseguição e outras fobias. Schiele era esquisito. E o casal boêmio e desregrado. Schiele criou problemas em todas as comunidades pequenas e conservadoras por onde passou - e assim o casal foi sucessivamente rechaçado e perseguido.

Schiele foi um artista condenado por denunciar a corrupção de uma sociedade hipócrita e decadente, assim como Oscar Wilde também o fez. Ele não fez mais do que expressar o horror do ser humano levado ao extremo da sua degradação.

Para Schiele a natureza era tão fascinante quanto animada por um declínio irrevogável. Explorou sem complacência a antevisão da morte em quase tudo o que registrou: nas flores ressecadas, nos traços de fome, do vício, da promiscuidade e nas visões alucinatórias de cidades sombrias.
Muitos dos corpos masculinos e femininos que desenhou, angulosos, distorcidos e de uma magreza aguda, parecem antecipar os horrores dos campos de concentração. Mas têm uma sensualidade que demonstra bem a fome do sexo e a ânsia do ser humano por sobreviver a todas as tragédias as quais é exposto. Aprecie. São bonitos, não? De um erotismo mais que poético...



Have you ever...?


Olha eu aqui tentando dizer alguma coisa… Outro dia pintei as unhas de vermelho. First time. Juro! Não pintava porque achava que não combinava comigo. Dessa vez, aconteceu. Me permiti. Meu gestual até ficou diferente… Falaram que isso era uma coisa legal de se fazer antes de completar 40 anos. Também achei. Então fiz uma listinha de coisas que se ajeitaram direitinho à pergunta: Have you ever…? Definitivamente I haven't done um monte de coisas... Vale à pena correr atrás. Tic Tac, Tic Tac. O tempo não pára. Não pára, não. Não pára.


Big Bang!

E assim fez-se a luz! Aqui começa a minha incursão por esse mundo de postar opiniões, dividir pensamentos, imagens e afins. Me fiz de difícil e desinteressada por bastante tempo. Como analfabeta tecnológica que sou, ignorei esse tipo de exposição, mas acabei cedendo à curiosidade. Bom, eu prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo... É como escancarar um infinito particular.


Pensei numa música para iniciar esse blog aqui e fiz uma escolha assim, leve, sem pretensão, como uma homenagem às coisas boas quando elas estão presentes, ao nosso redor. Meu blog acaba de nascer.