quinta-feira, 23 de abril de 2009

Um Pouco de Egon Schiele

Vou falar de Egon Schiele simplesmente porque estou com vontade. Ele nem é um dos meus pintores preferidos, mas foi um dos expoentes máximos do expressionismo austríaco. Nasceu em Junho de 1890, às margens do Danubio, na estação de comboios de Tulln. Morreu em 1918, com apenas 28 anos. E deixou uma obra importantíssima que define bem, o “mal” de um século violento e trágico.

Na adolescência, Schiele assumiu o desaparecimento do pai de forma traumática, desenvolvendo uma doentia aversão pela mãe, tal qual em Hamlet, culpando-a por não ter chorado convenientemente a morte do marido e queixando-se de falta de afeto. Sua instabilidade emocional potencializou o desenvolvimento das capacidades artísticas que, desde muito cedo, ele manisfestou possuir, embora brigasse e desconfiasse até dos que o incentivavam a seguir a carreira de pintor. Precoce, arrebatado e absolutamente seguro da sua genialidade, Schiele associava os comboios da sua infância à ideia de evasão, de viagem.

Em 1911, ele conheceu Wally Neuzil, uma garota de 17 anos que foi modelo de Klimt e, provavelmente, sua amante também. Egon pintou e desenhou Wally naquelas que são consideradas algumas das suas melhores obras. Viveram juntos durante algum tempo, mudando-se para Neulengbach, em parte para escapar ao ambiente organizado de Viena e também para satisfazer ao desejo de evasão de Schiele, que tinha mania da perseguição e outras fobias. Schiele era esquisito. E o casal boêmio e desregrado. Schiele criou problemas em todas as comunidades pequenas e conservadoras por onde passou - e assim o casal foi sucessivamente rechaçado e perseguido.

Schiele foi um artista condenado por denunciar a corrupção de uma sociedade hipócrita e decadente, assim como Oscar Wilde também o fez. Ele não fez mais do que expressar o horror do ser humano levado ao extremo da sua degradação.

Para Schiele a natureza era tão fascinante quanto animada por um declínio irrevogável. Explorou sem complacência a antevisão da morte em quase tudo o que registrou: nas flores ressecadas, nos traços de fome, do vício, da promiscuidade e nas visões alucinatórias de cidades sombrias.
Muitos dos corpos masculinos e femininos que desenhou, angulosos, distorcidos e de uma magreza aguda, parecem antecipar os horrores dos campos de concentração. Mas têm uma sensualidade que demonstra bem a fome do sexo e a ânsia do ser humano por sobreviver a todas as tragédias as quais é exposto. Aprecie. São bonitos, não? De um erotismo mais que poético...



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