quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

The Thomas Crown Affair

-Quero que me fale sobre as mulheres...
Silêncio.
Distração.

- Mr. Crown?
- Desculpe...
- Mulheres... ainda não falamos das mulheres...
- Sinto prazer em estar com as mulheres.
- Sentir prazer não é amar.
- Amar nem sempre traz prazer.
- Como você saberia?
Pausa.

- Nunca lhe ocorreu que o seu problema é confiar?
- Confio em mim implicitamente. (Um sorririsinho sarcástico).
- Sim, mas e as pessoas? Elas podem confiar em você?
- A sociedade em geral? (Questiona Thomas Crown).
- As mulheres, Mr. Crown... (A terapeuta fala bem devagar)
Pausa.

- Sim, uma mulher poderia confiar em mim.
- Ótimo! E quais seriam as suas condições extraordinárias para isso?
- Uma mulher pode confiar em mim desde que seus interesses não sejam tão contrários aos meus.
- E quanto à sociedade? E se os interesses dela forem contrários aos seus?

Silêncio. Um sorriso e um olhar.

Terapeuta e paciente num diálogo interessante, com linguagem corporal reveladora. É assim que começa o filme "The Thomas Crown Affair", um dos meus top ten. O filme é um remake do original de 1968 com Faye Dunaway e Steve McQueen.


Thomas Crown é um bilionário bon vivant, considerado um gênio do mercado financeiro, acostumado a ter tudo o que quer e que gosta de correr riscos quando se sente entediado. O próprio King of Cool.


Por um pouco de adrenalina, ele resolve roubar um Monet, avaliado em 100 milhões de dólares, do Metropolitan, de NY.

O plano tem umas sutilezas engraçadinhas: faz uma referencia historica bem humorada com a invasão do museu num Cavalo de Tróia.





Tudo no filme é um jogo.
O personagem gosta de jogar.







O Monet em questão é este aí, com o título de "Veneza"


Aí o filme ganha um contorno instigante porque mexe com conquista, desafio e romance. A polícia de NY e a perita da seguradora da obra roubada investigam o caso, só que a perita em questão, interpretada pela Renee Russo, é muito mais esperta do que a polícia e passa a desafiar a inteligência do mentor do crime. Um combustível e tanto para a libido de quem não costuma encontrar desafios à altura.

Thomas Crown é cínico, envolvente e interessante como Pierce Brosnan sabe fazer muito bem.

Miss Catherine Banning é inteligente, espontânea e ousada.

Eles passam a ter um relacionamento nada sem graça, com possibilidades variadas, proporcionadas pelo mundo de Crown. Um afrodisáiaco facilitador e tanto.

A curiosidade de um pelo outro, motivada pelo jogo da perseguição instalado, faz rolar uma química legal entre os dois.









Gosto quando rola um clima entre eles, porque há sensualidade sem o comprometimento da naturalidade. Um faz o outro rir e por isso mesmo a química entre eles parece ser mais legal. Algo que eu acredito ser verdadeiro.




Miss Banning tem uma personalidade muito interessante, é intensa e tem senso de humor, não faz só caras e bocas. Acho a personagem o máximo.




Para provar que pode o que quer e quer ficar com a moça, Crown devolve a tela ao mesmo lugar e rouba outro Monet, através de um plano cuja ironia consiste no uso de um disfarce idêntico ao da tela "O Filho do Homem", de Rene Magritte, reconhecido por ele mesmo como sendo o seu alter ego.

A trilha sonora é das melhores. Adoro Nina Simone cantando "Sinnerman". Tenho revisto filmes antigos. Uma coisa de fases. Falta de vontade de sair. Deve ser a nostalgia.

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