quarta-feira, 1 de julho de 2009

Saudade e Nostalgia

O regresso, em grego, quer dizer nóstos e trata-se de um vocábulo que apareceu em A Odisseia de Homero. Álgos significa dor, sofrimento, aflição.

A nostalgia é portanto, o sofrimento causado pelo desejo insastisfeito de regressar.

Os tchecos utilizam o substantivo stesk, e o verbo com sonoridade semelhante que em sua mais comovente expressão de amor significa:
"Stýská se mi po tobe".
Que quer dizer exatamente:
"Tenho nostalgia de ti.
Não posso suportar a dor da tua ausência".

Achei bonito de doer. Agradeço até hoje por ter conhecido essa expressão.

"Há uma atmosfera utópica e imaginária na nostalgia, algo próximo do que se gostaria que tivesse acontecido no tempo que se foi, e de como desejaríamos ter vivenciado determinadas experiências.

Ela surge justamente da incapacidade de retornarmos ao passado e agir de forma diferente em diversas situações".

É diferente da saudade - a emoção intensa e dolorosa, despertada pela ausência de alguém que se ama
ou lhe é muito querido.
A saudade desaparece assim que encontramos essa pessoa.

Já a nostalgia não cessa quando nos deparamos com alguém que estava distante de nós,
ao contrário, ela aumenta,
pois nutre este sentimento de perda,
de uma época que não mais retornará.

Milan Kundera, autor tcheco que eu aprecio muito, diz:

"Nossa memória só é capaz de reter uma pequena parcela do passado, sem que ninguém saiba por que precisamente essa e não outra. Vivemos imersos num grande esquecimento e não nos preocupamos com isso".

E ainda arremata de acordo com a Teoria do Eterno Retorno:

O homem, porque não tem senão uma vida, não tem nenhuma possibilidade de verificar a hipótese através de experimentos, de maneira que não saberá nunca se errou ou acertou ao obedecer a um sentimento. Tudo é vivido pela primeira vez e sem preparação. Como se um ator entrasse em cena sem nunca ter ensaiado”.

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