domingo, 3 de maio de 2009

Miuccia Prada e o design que vem da Italia

Com o tempo a gente a aprende a olhar as coisas de maneira mais estética. Passamos a enxergar as pessoas, filmes, objetos, pinturas, tudo de um modo mais crítico - consequência das nossas memórias visuais acumuladas. Tudo bem que moda é moda e arte é arte, mas é possível que uma peça de roupa tenha todo um conceito extraordinário por trás de uma aparente birutice. E é possível respeitar conceitos artísticos mesmo sem apreciá-los.

Eu acho que aprendi a enxergar referências. Entendo que tudo ao nosso redor se tornou “referência”. E essas referências podem ser percebidas nos diferentes códigos de comportamento. Estão no modo de agir, de pensar, no "body language", no modus vivendi de cada pessoa. Chato é quando somos vitimizados por isso, como se não produzíssemos mais opinião. A naturalidade é sempre melhor. Mas todos encontram as suas referências. O que, sem dúvida, impulsiona o consumismo. Afinal é desse mundo que a gente faz parte, ora... Então, não sejamos hipócritas. E como o aprender nunca se esgota, hoje eu sei que Yves Saint Laurent deixou um legado importante e que Ronaldo Fraga é quase sempre poesia . Estou sempre aprendendo.

Acho que o design e a moda que vêm da Itália são particularmente belos, elegantes e sedutores. A Itália sempre teve uma preocupação estética. É uma coisa histórica. Desde os grandes mecenas, sua arquitetura grandiosa, sua dramaticidade, seu Renascimento iluminado. A Itália sempre pulsa. Só de estilistas, a Itália tem: Giorgio Armani, Gianni Versacci, Casa Gucci, Miuccia Prada, Domenico Dolce e Stefano Gabbana, Ermenegildo Zegna, Emilio Pucci... Aí eu resolvi falar de Miuccia Prada.

I love fashion, but I think it should stay in its place, not rule your life. It’s a very nice part of your life, but I think it should be fun.” Miuccia Prada


A Prada foi fundada em 1913 por Mario Prada. No início produzia artigos de couro para famílias ricas e influentes de Milão como malas e bolsas. Apesar da marca conceituada e dos produtos de alta qualidade, ainda levou algumas décadas para o negócio familiar se estabelecer como uma das maiores casas de moda italianas.


Em 1978, Miuccia Prada, neta do fundador, assumiu a direção da grife. Uma mulher, no mínimo, interessante. Foi ligada ao teatro e à política. Atuou como militante do Partido Comunista, liderou um movimento pelos direitos da mulher, trabalhou cinco anos fazendo mímica no Teatro Piccolo, em Milão, e obteve um diploma de doutorado em Ciências Políticas. Nada a habilitava para estar no controle de um império como a grife Prada. Ela realmente não parecia ser a pessoa mais indicada a assumir esse papel. Mas mostrou uma inegável vocação para o assunto. E até hoje possui um gosto pelo paradoxo. Tudo é retrô e avant-garde nas suas coleções. Tal como ela.

Miuccia Prada tinha 28 anos quando decidiu, cismou mesmo, que iria usar o náilon Pocono - um material usado em tendas militares - para criar uma mochila. Essa aí da foto. Lembra disso? Mais ou menos em 1985. O couro era uma tradição familiar da Casa Prada e esta decisão foi bem arriscada. Foi logo no início da gestão de Miuccia. Mas a mochila de náilon Pocono acabou virando um ícone fashion. E chegou até por aqui pelo Brasil!

Por trás das passarelas está Patrizio Bertelli, marido de Miuccia e CEO do grupo Prada, que inclui as marcas Miu Miu -voltada para um público mais jovem - Helmut Lang e Jil Sander. Foi dele a idéia de lançar a primeira coleção de roupas e sapatos Prada, em 1988. E também a criação da Miu Miu, em 1993, e da Prada Sport.

A Prada popularizou a moda e virou convenção internacional do cool. Essa frase não é minha não. Mas define a marca super bem. Os sapatinhos são de pirar.





Olha o óculos borboleta!

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