sábado, 2 de maio de 2009

Divã: Leia o livro e veja o filme

"Se ser feliz para sempre é aceitar com resignação católica o pão nosso de cada dia e sentir-se imune a todas as tentações, então é deste paraíso que eu quero fugir."
Em "Divã", de Martha Medeiros.

Fui assistir ao filme "Divã" baseado no romance de mesmo nome que li da Martha Medeiros. Aliás, eu vi a peça também. Dei boas risadas. Tem coisa melhor do que isso? Acho que todo mundo acaba se identificando um pouco com a história. Eu não costumo gostar muito do senso comum. Em geral torço o nariz para aqueles pensamentos que têm o consenso de 100% da população. Concordo com Nelson Rodrigues na certeza de que toda unanimidade é burra. Mas no caso do filme em questão, que virou um sucesso pipoca do cinema nacional, eu abri uma exceção.






A atriz Lilia Cabral está ótima fazendo o papel da mulher que se parece um pouco com qualquer mulher. A questão da amizade feminina no filme é comovente.



O romance conta a história dessa mulher, de mais de 40 anos, casada, 2 filhos que resolve fazer análise. O que começa sem pretensões acaba por se transformar num ato de libertação. O texto é divertido e facilmente identificável com a vida real.

A terapia começa assim: "Sou tantas que mal consigo me distinguir. Sou estrategista, batalhadora, porém traída pela comoção. Num piscar de olhos fico terna, delicada. Acho que sou promíscua, doutor Lopes. São muitas mulheres numa só e alguns homens também. Prepare-se para uma terapia em grupo."


"Onde é que eu estava com a cabeça de achar que a gente muda o que sente e que bastaria apertar um botão que as luzes se apagariam e eu voltaria à minha vida satisfatória, sem seqüelas, sem registro de ocorrência? Eu não amei aquele cara. Eu tenho certeza que não. Eu amei a mim mesma naquela verdade inventada. Não era amor, era uma sorte. Não era amor, era uma travessura. Não era amor, eram dois celulares desligados. Não era amor, era de tarde. Não era amor, era inverno. Não era amor, era sem medo. Não era amor, era melhor.” Outro trecho de Divã.

Eu sou louca pelos textos da Martha Medeiros. Ela virou uma espécie de gurua. Quase sempre eu me pego concordando com o que ela escreve como se ela traduzisse os meus pensamentos. Sou viciada na coluna que sai aos domingos no Globo. Para finalizar, outra frase de efeito da Martha, só que essa não é do filme:

"Tem muita gente que se distrai e é feliz pra sempre, sem conhecer as delícias de ser feliz por uns meses, depois infeliz por uns dias, felicíssimo por uns instantes, em outros instantes achar que ficou maluco..."

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