quinta-feira, 7 de maio de 2009

A Maternidade e as Escolhas

Maternidade não é serviço militar obrigatório.
Deus nos deu um útero, mas o diabo nos deu o poder da escolha
Martha Medeiros


Filhos, é melhor não tê-los, mas se não os temos, como saber?"
Vinícius de Moraes

Não tê-los não é o problema. O problema é descartar essa experiência. Maternidade para mim é escolha. Ou pelo menos, deveria ser. Não se trata só da escolha de gerar, mas a de cuidar. É muito mais do que parir. E deveria ser sempre opcional. Em geral, transcende o limite do “eu”. A maternidade é própria do feminino. Vem dentro da gente e póde ser experimentada. É puro instinto. É sublimação, mas não é só renúncia. É a possibilidade de transmitir genes no tempo. É perpetuação. É espera. É um querer bem incondicional. É aceitação das diferenças. É passeio de montanha-russa. É ser protagonista e nunca coadjuvante. É nunca mais ser apenas uma. No início assusta, depois é como se nunca tivesse deixado de ser assim. Maternidade traz responsabilidades, mas não vem com manual de uso. É bem intencionada, mas imperfeita. E quando omissa, é figuração.

Eu não sou do tipo que acha que “ser mãe é padecer no paraíso”. Paraíso para mim é o Taiti, é a Grécia, é Fernando de Noronha. Mas algo acontece comigo quando o meu filho me olha com cara de referência, de cumplicidade. Faz eu me sentir uma pessoa melhor. Quando eu o vejo dormindo, sinto sempre uma paz profunda diferente de tudo. Quando os filhos dormem é que a gente percebe como eles crescem... Ter um par para dividir a escolha de ser mãe é realizador e pode ser muito especial, além de ser quase sempre mais fácil. Não importando se o par estará junto para sempre ou não. Ninguém deixa de ser mãe ou pai só porque não se está mais junto. Embora nem sempre seja assim. Mas o fato de não haver um par, nunca impediu uma mulher de ter filhos, se assim escolhesse. O fato de não poder ser uma concepção biologicamente tradicional, também não inviabiliza um projeto materno.

Óleo do Picasso chamado "Maternidade"


Pelo Dia das Mães que chega nesse domingo, um brinde de champagne às mulheres e suas escolhas. Às mulheres perfeitamente felizes com a escolha de não terem filhos e às que experimentaram a possibilidade de tê-los. A todas as mães imperfeitas, às que não puderam gerar e adotaram, às que não tiveram escolha, às que se planejaram, às que improvisaram, às nossas mães, às que já se foram e até às controladoras. Afinal, mãe é mãe. E quase sempre, são muitas numa só. Além do mais, toda mãe é mulher, e toda mulher é meio Leila Diniz.

Sobre minha vida, meu modo de viver, não faço o menor segredo. Sou uma moça livre. A liberdade é uma opção de vida”. Leila Diniz

Um comentário:

  1. Gostei muito do seu texto sobre a maternidade, ser mãe é uma experiência muito marcante.

    ResponderExcluir