sexta-feira, 12 de março de 2010

O Mistério do Planeta e o Universo Particular

Vou mostrando como sou
E vou sendo como posso,
Jogando meu corpo no mundo,
Andando por todos os cantos
E pela lei natural dos encontros
Eu deixo e recebo um tanto
E passo aos olhos nus
Ou vestidos de lunetas,
Passado, presente,
Participo sendo o mistério do planeta

Novos Baianos

Sou fascinada por ondas gigantes.


Tsunamis.


Explosões vulcânicas.

Furacões.


Formações rochosas.

Interiores cavernosos.


Quedas de água e rios caudalosos.


Dunas de areia. Arquipélagos solitários.


Noites estreladas.

Plenilúnios.

Eclipses solares.

Buracos negros.

Diversidade genética.

Sabores diversos.

Sou fascinada pela natureza e pela força que ela tem.


Às vezes, me pego filosofando sobre a complexidade humana e sua frágil condição. Sobre como são diferentes os indivíduos entre si, com suas experiências diferentes, e cai a ficha do quanto somos insignificantes, boiando no universo indiferente às condições muito especiais de existência.

Por isso, diante das dimensões universais, que nem sempre conseguimos compreender, temos a tendência de nos voltarmos para nós mesmos, para nossa minúscula complexidade e atomicidade. Porque nascemos dotados de um instinto de sobrevivência e um raciocínio lógico desenvolvido que nos impulsionam a lutar sem parar contra a única certeza que temos, a do fim que tentamos adiar.


Apesar do conhecimento científico e histórico que acumulamos em algumas centenas de anos, o fato é que não controlamos as forças do planeta que habitamos. Somos parte do processo de evolução dele. Somos capazes de interferir em sua paisagem, mas somos absolutamente impotentes diante de suas forças naturais. Somos condicionados a elas. O planeta tem uma história para contar. As estrelas também. Assim como nós. E a minha única crença é a de que somos poeira cósmica das estrelas, além de possuir certa simpatia por explicações astrológicas. Acredito mesmo que somos descendentes das estrelas e carregamos DNA's estelares e atemporais, dotados de uma impactante capacidade de expressão artística e de produzir diversidade cultural.

Observando os fenômenos naturais do início de 2010 até agora, e estamos apenas no 1º trimestre, o verão aqui nos trópicos foi marcado por um calor histórico e excessivamente anormal, com altas temperaturas e radiação solar intensa. Fez céu azul de brigadeiro quase todos os dias com um sol incessante. Para mim, que sofro de pressão baixa, foi como uma visão do inferno de Bosch.


Enquanto isso, no hemisfério Norte, o inverno foi inversamente proporcional ao calor dos trópicos, com nevascas fechando aeroportos e isolando lugares sob temperaturas congelantes.

E a Terra tremeu, chacoalhou em diversos pontos, destruiu países e cidades, fragilizou povos e economias. Haiti. Chile. Turquia. Tsunamis invadiram cidades chilenas no lado pacífico da América do Sul.

O planeta produziu chuvas que transbordaram a Ilha da Madeira, em Portugal.

Inundaram furiosamente cidades no Peru, isolaram o vale do Machu Picchu,


Deslizaram encostas na Ilha Grande e na baía de Angra dos Reis.


O planeta gritou este ano. Desde o início.

No verão carioca de 2010, a temporada de cinema exibiu “2012” - o filme apocaliptico que profetiza o fim dos tempos. Eu realmente gosto do cinema catástrofe,por mais questionável e ficticio que eles possam ser. Os críticos que me perdoem, mas me interesso por filmes sobre desastres naturais, não por sadismo, mas por admirar as forças incontroláveis do planeta. Por perceber a fragilidade da vida, e ao mesmo tempo, o mistério da nossa saga, do nosso destino. São imagens que a minha imaginação elabora de vez em quando e o cinema estimula.


O roteiro de "2012" é sobre a profecia Maia que dizia que “a partir de 1999 restariam apenas 13 anos para a humanidade efetuar mudanças de consciência e atitude e desviar-se da destruição pelo qual avançaria. Os Maias achavam que o sol seria como um ser vivo que respira e que a cada determinado período de tempo se sincroniza com o enorme organismo no qual se insere, e que ao receber uma manifestação de luz do centro da galáxia brilharia mais intensamente, produzindo em sua superfície o que nossos cientistas chamam de erupções solares e mudanças magnéticas".

Os Maias previram então que a partir da data inicial de sua civilização, o 4° Ahua, 8° Cumku, isso é 3.113 a.C., 5.125 anos no futuro, ou seja, sábado, 21 de dezembro de 2012, o sol, ao receber um forte raio sincronizado vindo do centro da galáxia, mudará sua polaridade e produzirá uma gigantesca labareda radiante.
Para os Maias o processo universal, como a respiração da galáxia, é cíclico e nunca muda. O que pode mudar é a consciência do homem, evoluindo através desses processos em direção à perfeição, a outro tipo de consciência, que hoje sequer conseguimos imaginar sem parecer utópica e impossível de se concretizar.

Neste dia, a humanidade deverá estar preparada para atravessar a porta que os Maias deixaram e evitar o grande desastre que o planeta vai sofrer, dando inicio a uma nova era, um sexto ciclo do sol.

Os Maias diziam que eram a 5ª civilização iluminada pelo sol, vivendo o 5° grande ciclo solar. Que antes deles teria existido outras 4 civilizações, todas destruídas por grandes desastres naturais. Acreditavam que cada civilização seria apenas um degrau para a ascensão da consciência coletiva da humanidade.

Para os Maias, no ultimo desastre, a civilização teria sido destruída por uma grande inundação, que deixou apenas alguns sobreviventes dos quais eles mesmos seriam descendentes.

Os Maias achavam que conhecer os finais desses ciclos, faria os seres humanos se prepararem para o próximo, e assim, poderiam aprender a se conservarem como a espécie pensante sobre o planeta.

Eu, na minha singela complexidade humana, vivendo apenas de acordo com a sociedade em que me incluo e as regras condicionadas por ela, carregando o peso das minhas escolhas, do meu tempo, minha idade e meu código genético único, venho questionando as coisas que vivi até hoje, ao som de um intermitente tic-tac.

Tenho pensado em liberdade e no quanto a exercito de fato, tenho pensado nas relações que estabeleci, nos caminhos que segui e no ponto onde me encontro.

Tenho pensado nas pessoas queridas que me importam e sentindo minhas ansiedades pulsando filosoficamente. Sinto paralisia diante das perdas que não posso evitar, da passagem silenciosa do tempo, do futuro incerto com a certeza única do fim, sinto impotência diante da decrepitude, das forças da natureza.

Tenho pensado nos lugares que ainda quero conhecer, nas emoções que experimentei, nas frustrações que desenvolvi, na maneira como me relaciono com meu trabalho e as pessoas, tenho me questionado sobre os registros de vida que vou deixar e reconhecido a minha total insignificância diante do mistério profundo das coisas do universo, ainda que eu também faça parte dele.

Eu tenho o meu universo particular. E isso me basta de certa forma. Tenho um destino para cumprir e um ciclo interior para analisar e, talvez, alguma possibilidade de mudar o que eu gostaria de mudar. Ainda tenho tempo, nenhuma certeza e ondas gigantes na cabeça.

“...Olha minha cara
É só mistério, não tem segredo
Vem cá, não tenha medo
A água é potável
Daqui você pode beber
Só não se perca ao entrar
No meu infinito particular”
Marisa Monte

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