domingo, 21 de fevereiro de 2010

Alexander McQueen smells like teen spirit

""With the lights out it's less dangerous
Here we are now entertain us
I feel stupid and contagious
Here we are now entertain us
A mulatto, an albino, a mosquito,
my libido
Yeah!"
Nirvana

Pegando carona no texto de Erika Palomino...

E lá se vai Alexander McQueen. Deixando um incrível legado. Rebeldia, contestação, inconformismo. Talento, técnica, transgressão. Ele foi encontrado morto em sua casa, em Londres, na manhã de 11 de fevereiro de 2010.

O estilista inglês era um ícone, um dos tradutores do espírito de sua geração. Vai fazer falta. O mundo fica (ainda) mais careta.

Deprimido com a morte da mãe dias antes, e talvez inspirado pelo próprio suicídio da mentora Isabela Blow, que o descobriu, McQueen seguiu este mesmo triste caminho aos 40 anos.


Filho de um motorista de táxi, McQueen aprendeu seu ofício com os mestres alfaiates de Savile Row, daí seu extremo domínio de corte e acabamento. Alfaitaria, punk, militarismo, natureza compõem o vocabulário único de seu estilo.


Criador de imagens, fez vestidos que alcançaram status de obras de arte, mostrados em apresentações que, temporada após temporada, sempre deixavam os fashionistas ansiosos, excitados e, quase sempre, em êxtase.
Expect the unexpected. E o inesperado acontecia.




Foi ele quem transformou Kate Moss em holografia de sonho no inverno 2006.


E criou o circo do terror,
em 2001,
onde bonequinhas do mal
e um carrossel
faziam parte do palco armado
num galpão em East London.





Fora das passarelas,
fez trabalhos com Bjork,lembrando os fugurinos de "Guerra nas Estrelas" e os adornos das mulheres girafas, da Indonésia.






No trabalho com o fotógrafo Nick Kight, para a revista "Visionaire" e a iconográfica imagem da modelo Devon Aoki;


E no ensaio histórico com deficientes na "Dazed & Confused".

Teimoso, radical, iconoclasta, McQueen será lembrado para sempre, como todo artista que deixa uma obra valorizada.

O mais emocionante dos seus desfiles, o do verão de 2004, foi inspirado em "A Noite dos Desesperados", de Sidney Pollack, em 1969.

Com coreografia do enfant terrible Michael Clark (outro cara contemporâneo), as modelos desfilavam as roupas como os participantes da maratona de dança do filme mostram.





Em McQueen o corpo é sempre político, e em suas coleções havia camadas de mensagens, mais ou menos explícitas, para os insiders da moda, para seus críticos e seus fãs.


O "final bow" do estilista aconteceu ao som de Lady Gaga, na primeira vez que o mundo ouviu "Bad Romance".

Depois do clipe, a cantora vestiria as roupas do desfile, marcando os tempos de hoje.
Mais contemporâneo impossível. Um grande legado.

Valeu, Lee McQueen.

"Contemporâneo é aquele que mantém fixo seu olhar no seu tempo, para nele perceber não as luzes, mas o escuro. Todos os tempos são, para quem deles experimenta contemporaneidade, obscuros. Contemporâneo é justamente aquele que sabe ver essa obscuridade, que é capaz de escrever mergulhando a pena nas trevas do presente".
Giorgio Agamben, filósofo italiano.

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