sábado, 20 de fevereiro de 2010

Cuidar da alma para cuidar do mundo

"A arte de viver dá fé, só não se sabe fé em quê..." Gilberto Gil

Apresento a livre interpretação da blogueira Luciene Felix, sobre os Diálogos de Platão e as Memoráveis de Xenofonte. Já utilizei um de seus textos aqui, acompanhado de umas imagens que eu gosto de ilustrar nos meus posts. Ela conseguiu interpretar aqueles gregos sem pedantismo algum, de um jeito que eu entendo e gosto.

Pesquisar e estudar sobre Sócrates é difícil por ele não ter deixado nada escrito. Nunca se saberá exatamente o quanto do seu discurso pode ter sido alterado e mexido pelos copistas dos seus discípulos, Platão e Xenofonte, ao longo dos séculos. É o mesmo que ocorre com a Bíblia na minha opinião.

Luciene Felix compilou e mesclou traduções confiáveis feitas diretamente do grego e recorreu a ensaios sobre Sócrates assinados por autores consagrados. O resultado desse trabalho, resumindo os pontos essenciais daquilo que se chama de "a arte de viver" pregada ao homem comum pelo mestre ateniense Sócrates, é um estímulo para se aprofundar no significado do humanismo socrático e descobrir como a prática persistente desse humanismo pode ajudá-lo a encontrar os modos e os meios de viver melhor consigo e com a sua circunstância.

Cuide da alma

A alma, imortal, indestrutível e sempre renascida, razão moral, espírito pensante e sede da consciência, é a manifestação do divino no homem, guiado por ela para examinar com atenção e cautela o que ocorre à sua volta, separando o que realmente lhe diz respeito daquilo que é superficial, banal, desprezível.

Cuidar da alma, missão suprema e indelegável do homem,
é cuidar de si mesmo.


O cuidado de si implica em estar em confluência com o mundo, mas ao mesmo tempo protegido daquilo que perturba a intimidade, buscando na solidão serena, e não na opinião dos outros, a resposta para as dúvidas e a libertação das incertezas.

Cuidar de si mesmo não significa isolar-se no egoísmo e na solidão, mas preocupar-se com os outros em sofrimento, fazendo o possível para amenizar seu infortúnio, é respeitar a cidade onde se vive, como seu fosse a sua própria casa.

Cuidar de si também implica na prática contínua da virtude, sem a qual a possível felicidade é inatingível.

E como virtude e conhecimento são conceitos inseparáveis, quem está mergulhado na ignorância precisa derrotá-la para só assim superar as dificuldades da vida, evitando que ganhem uma dimensão exagerada, paralisante.

Porque o conhecimento, esse valor supremo da vida, faz o homem responder por si mesmo, pelos seus atos, pelo que faz ou deixa de fazer com sua vida, não o deixando esquecer que é, ao mesmo tempo, acusador, defensor e juiz de si mesmo.

"Uma vida que não é continuamente examinada é indigna de ser vivida". Sócrates

2 comentários:

  1. Estimados amigos,

    Realmente leciono Filosofia e Mitologia Grega, disponibilizo muitos artigos em meu Blog (www.lucienefelix.blogspot.com), mas cumpre dizer que especificamente esse texto (belíssimo) é do colega J.C. Ismael.

    Adorei seu trabalho, Parabéns!
    Bjs.,
    lu.

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  2. Puxa, Luciene, eu sou mesmo uma blogueira de araque. Só agora eu vi que você tinha póstado um comentário. Fiquei fascinada pelos textos que você comenta. Combinei logo com umas imagens, que é o que eu gosto de fazer. Obrigada pela visita.

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