quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Loucos e Santos

"Loucos e Santos" é o título de um pensamento poético de Oscar Wilde. O texto merece imagens compatíveis com sua força e parecença com o que eu também penso. Foi para amenizar o post anterior. Continuo sem nenhuma vontade de sair para lugar algum.

"Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer


mas pela pupila.


Tem que ter um brilho questionador e uma tonalidade inquietante.


A mim não interessam os bons de espírito,


nem os maus de hábitos.


Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.


Deles não quero resposta, quero meu avesso.


Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.


Para isso, só sendo louco.


Quero os santos, para que não duvidem das diferenças


e peçam perdão pelas injustiças.


Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.


Não quero só o ombro e o colo,


quero também sua maior alegria.


Amigo que não ri junto,


não sabe sofrer junto.


Meus amigos são todos assim: metade bobeira,


metade seriedade.


Não quero risos previsíveis,


nem choros piedosos.


Quero amigos sérios,


daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem,


mas lutam para que a fantasia não desapareça.


Não quero amigos adultos nem chatos.


Quero-os metade infância


e outra metade velhice.


Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto;


e velhos, para que nunca tenham pressa.


Tenho amigos para saber quem eu sou.


Pois vendo-os loucos e santos,


bobos e sérios,


crianças e velhos,



Nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril".

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