domingo, 17 de maio de 2009

O Mito e a anti-Caixa de Pandora

Quando eu escolhi o nome do meu blog foi pensando numa caixa contendo um monte de coisas que me fazem parar para pensar sobre elas, que me despertam alguma curiosidade. A liberdade de falar livremente sobre o que eu quisesse com os recursos da web para fazer pesquisas e citações combinavam com A Caixa de Pandora que eu idealizava e era associada diretamente à curiosidade que sempre me motiva. Gostaria de liberar só coisas boas da minha "caixa" em formato de blog.

Bom, eu tinha que me explicar um pouco, porque a Caixa de Pandora mitológica mesmo só continha coisas ruins. Guardava todos os males do mundo. O mito é super interessante. Tem a ver com a curiosidade feminina. Sempre, sempre associada ao mal, aos pecados, à danação, à tentação.

A Caixa de Pandora pode ser uma expressão quando se quer fazer referência a algo que gera curiosidade, mas que é melhor não ser revelado, porque pode vir a se tornar algo terrível. Vem do mito grego, que conta sobre a caixa que foi aberta por Pandora quando enviada a Epimeteu.

De acordo com a lenda, o titã Prometeu presenteou os homens com o fogo para que dominassem a natureza. Zeus, deus dos deuses do Olimpo, que havia proibido a entrega desse dom à humanidade, o condenou a ficar acorrentado no alto de uma montanha, onde todos os dias um abutre iria comer-lhe as vísceras que seriam regeneradas à noite, ficando ele fadado a sentir dor por toda eternidade. Antes, porém, Prometeu deixou uma caixa contendo todos os males que poderiam atormentar o homem com seu irmão Epimeteu, pedindo-lhe que não deixasse ninguém se aproximar dela. Nessa caixa havia um arsenal de desgraças criadas pelos deuses por encomenda de Zeus: a velhice, o trabalho, a doença, a loucura, a mentira, a discórdia, a guerra, a morte e a paixão. E apenas um único dom: a esperança.

Zeus então arquitetou sua vingança criando Pandora, a primeira mulher humana, feita sob medida para o castigo do homem e a enviou de presente ao titã Epimeteu (aquele que reflete tardiamente), irmão de Prometeu (aquele que prevê). Epimeteu não deu ouvido aos conselhos de não aceitar nenhum presente dos deuses e ficou com Pandora.

Vencida pela curiosidade, Pandora acabou abrindo a caixa, liberando todos os males no mundo. Mas a fechou antes que a esperança pudesse sair. Assim, o último e mais importante item permaneceu dentro da caixa. Essa metáfora foi a maneira encontrada pelos gregos para representar conceitos relacionados à natureza feminina, como a beleza, a sensualidade e o poder de dissimulação. Por isso a mulher ficou conhecida como o grande mal da humanidade. A história mitológica é semelhante à da bíblia cristã, que narra a criação do homem e da mulher (Adão e Eva). Onde a mulher também é a responsável pela desgraça humana.

Graças ao fechamento da caixa no momento certo, os homens sofreriam somente dos males que de lá sairam, mas não do conhecimento antecipado deles. Eles não viveriam o temor perpétuo dos males por vir, tornando suas vidas possíveis através da esperança.

Mas a pergunta que não quer calar é: O que fazia a esperança numa caixa onde só havia males? Que fazia tal jóia preciosa em meio a males como a doença e a morte, seus eternos inimigos? Teria sido colocada ali por engano? Seria ela o fruto de uma misteriosa misericórdia divina que ali introduzira, junto com todos os males, o alívio e o consolo para os mesmos?

Dando uma viajada no mito me veio, de repente, um pensamento trágico: Se a função da esperança é, basicamente, nos fazer suportar o sofrimento... então o motivo pelo qual ela estava contida na caixa era o de ser a corrente que manteria o homem firmemente atado aos seus sofrimentos... Putz! Então ela não seria um bem deslocado e perdido entre os males, mas sim um mal posto na caixa por Zeus, apenas com o intuito de fazer os homens, fracos e mortais, suportarem o sofrimento que lhes cabia por castigo! Assim como Prometeu, o homem estaria condendo à dor eterna e, por causa da sua natureza mortal, precisaria da esperança para suportá-la. Trágico, não?

Angelina Jolie fez a arqueóloga britânica toda-toda Lara Croft nos filmes da série Tomb Raider. Em "A Origem da Vida" ela precisa encontrar a própria Caixa de Pandora, contendo todos os males do mundo. O objeto está escondido em um local conhecido como Origem da Vida, localizado no continente africano. Sua missão é que enfrentar um cientista Prêmio Nobel que também está atrás da relíquia. O filme tem trilha sonora do U2 e ficou marcado pela música "Elevation" - hino da heroína.



De tudo o que postei aqui, acabei pensando em Hyeronimus Bosch, pintor holandês que sempre me impressionou. "O Jardim das Delicias" e "O Inferno" expostos no Museu do Prado são repletos de detalhes surreais que me causam alguma inquietação. Mas isso vale outro post. Aí eu explico porquê fui pensar nele.

2 comentários:

  1. Amei o jeito que vocÊs relataram o mito em geral, sempre gostei de Mitologia e Filosofia!!! Espero que as pessoas tenham a oportunidade de ler este post tambem!!!!!!Vale a pena!!!!!!!!!!!!

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  2. Adoreii seu post!!
    alenda de Pandora é linda trágica e muitoo envolvente!

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